quinta-feira, abril 30, 2020

Memória

Chegou a hora da partida
Dói uma dor antiga
Sem chão nem futuro
A memória é um muro alto
Como posso alcançá-lo?
O medo é escuro
O que há do outro lado?
Sou menina
Quero colo, cama e beijo
Quando crescer vai ser diferente
Olhe sua irmãzinha, ela está contente
Não, ela chora, corre pra abraçá-la
É preciso sorrir para consolá-la
Sou pequena
Não tenho tamanho
Use a cabeça filhinha
Dê um salto
Veja, o muro não é alto
Você pode, imagine
Sonhe e voe
Quando acordar estaremos lá
Em outro mundo, outro lugar
Maior e melhor
Você vai ver
Não precisa esperar
É só adormecer

terça-feira, dezembro 22, 2009

sábado, julho 05, 2008

Fuga

Hoje a razão me afasta
Do tempo de acreditar
Na precisão de agir
Na certeza das palavras

Fugir, fugir, fugir

Por mim já não basta tentar
Já não basta fazer
Já não basta falar
Apenas escrever já não basta

quarta-feira, dezembro 14, 2005

É tempo...

É tempo de renovar
De refletir, de reaprender
É tempo de buscar
De conquistar, de crescer
É tempo de sair por aí
De curtir, de fazer
É tempo de dizer
De sorrir, de abraçar
É tempo de amar

quinta-feira, outubro 06, 2005

Bateria

Este meu coração que toca
Este som que provoca
Este bumbo interno
Batuque constante
Que por um instante
Me dá justificativa
Este tambor desorientado
Eterno repique
Pulsando, batendo
Reverberando aos brados
O sangue que corre
Este grande pandeiro
Que dispara ligeiro
Como que tocado
Por um preto do morro
No carnaval
Pois este meu timbau
Está pedindo socorro

Reino

Orgulho e humildade
Qual o verdadeiro limite
Pensamos ter liberdade
E tememos encarar
As pequenas dificuldades
Tremendo com os desafios
Exageramos nos brios.
Rezamos, rezamos e rezamos
Sem ter certeza da fé
Sem saber a quem enfrentamos
Às vezes fica mais fácil aparecer
Do que esconder
Mas em algum momento
Debaixo de todo despeito
O grande medo
Vai apertar seu peito
E na frente do espelho
Você vai se ver
Do jeito que você é
Nem bonito nem feio
Sem coroa, nem reino

Ambição

Alguns ambicionam a criação e a arte
Outros o êxtase da paixão
O tesão sem fim
Por mim apenas desejo
Acordar e dormir
No frio me aquecer
No calor me refrescar
Sentar em frente ao mar
Olhar as nuvens no céu
Caminhar por entre a gente
Escutar seu burburinho
Comer pão quentinho
Ouvir meu filho gargalhar
Me esticar feito gato
E abraçar o travesseiro
Dar a volta ao mundo numa boa conversa
E ás vezes beber até cair
Botar meu amor pra dormir
No meu colo
Sentar pra escrever e ficar distraída
Sem pensar...
Apenas sentindo a vida

Passagem

Passam os dias
Passam as horas
Sem ter agora
Nem pra onde
Sem demora
Nem pressa
Sem desafios
Nem palavras
Sem ter por quê
Nem pra quê
Apenas medo
E vontade
Confusão e silêncio
Apenas o desejo
Do sagrado
Do imenso
Do insuportável
Tempo

quinta-feira, setembro 08, 2005

Respondendo

O mais difícil?
Falar de coisas boas
Falar de futuro possível
Falar de boa vontade
De amizade
De carinho e acolhimento
Falar dos melhores momentos
Das realizações
E da felicidade
Como falar das canções
Da arte
E daquilo que faz parte
Do dia mais bonito
Das noites de lua
Das praias que amo
O mais difícil sim
É falar, é dizer
Que gosto de viver

A outra

Eu vi a mulher correndo
Eu vi a mulher se afogando
Eu me vi sabendo
Daquele sofrimento
Me vi ousando e encarando
Me vi fazendo
Daquele mar imenso
Um porto
A força das águas
me impulsionando
Eu me vi, me salvando
Me recolhendo
E me levando pra outras praias
Eu me vi
Me querendo, sendo
Aquela mulher
Sugando o ar, voltando à vida
Pronta, inteira
Não mais perdida
Finalmente podendo ser
Querida

Cansaço

Pra onde vai a amizade
E o amor que devotamos
Àqueles a quem julgamos
Amar e perdemos
Por nos devotar?
Onde vai parar o fervor imenso
E todo o tempo que dedicamos
Àqueles que nem mesmo tem a dignidade
De nos enfrentar
Quando erramos?
Estou cansada
E já não enxergo
Estou cansada
E já não escuto
Estou cansada
E sei lá! Já não sei mais nada...
Estou cansada.

Tediosa

Volto ao mesmo tema
Bato na mesma tecla
E realmente vou pensar em quê?
Dizer mais o quê?
Pra você
Pode parecer besteira
Mas em mim dói aqui
Bem dentro do peito
E quando sento pra escrever
O quê vem, o quê sai.
Só falo no quê.
Como um vício.
E nem mesmo sei
Como é ser viciado
Ah, me deixe em paz!
Vou continuar sim
A pensar, a dizer, a bater
No quê

quinta-feira, agosto 25, 2005

Sem som

Queria saber tocar um instrumento
Pra poder compor um samba
Falando de dor e sofrimento
Que contivesse todo sentimento
Nas notas e harmonias
Que falasse das alegrias
Dos momentos mais queridos
E das tristezas
Dos amigos perdidos
Que dissesse na melodia
A felicidade dos amores
E a solidão dos dias
Perdidos em rancores
Ai , ai, como eu queria
Expressar em tons e notas
Todas as paixões
Que brotam em meu peito
Transformar em canções
Meus desejos e defeitos
Tocar pro mundo inteiro
Em ritmos e levadas
A delícia de amar e viver
Ai, ai, como eu queria saber...

Fútil

Não sou romântica
Não acredito em contos de fadas
Levo a vida tão à sério
Sou tão dura comigo
Tão sensata
Que nem medo de barata
Eu tenho
Ao mesmo tempo
Choro à toa
Vendo seriado
Me derreto com o romance
Da vizinha
Fico olhando a lua
Fazendo simpatia
Pedindo pra também ter
Ao vivo e à cores
Aquela alegria vazia
Aquele brilho no olho
Aquela pele macia
Das atrizes da TV
Quando encontram seus amores

Nobreza

Não dá mais pra fugir
Não dá pra deixar
De enfrentar a besta
A fera, o medo, a desilusão
Não, não dá, não
Não entendo a ausência
De coragem
Não entendo a revolta
Sem nome, sem explicação
Não entendo a falta de vontade
De trabalho, de empenho
De comunicação
Insisto em encarar a realidade
Com aprumo
Insisto na fortaleza
Na certeza do meu rumo
Insisto na dureza do caráter
Na firmeza moral
Insisto em ver e ser visto
Insisto, insisto

Procura

Qual o remédio
O ungüento?
Qual o médico,
O experimento?
Que curandeiro,
Que feitiço?
Que benzedeira,
Que reza?
Filosofia, auto-ajuda,
Jeová, Jesus, Bhuda
Deus, deusa, orixá?
Onde encontro
Onde buscar
Cura pra esse sofrer
Pra essa ferida,
Essa chaga
Exposta, aberta
Machucada
Que insiste em me doer?

Mater

Ser mulher
Ser feminino
Presa da sensibilidade
Fortaleza cruel da vontade
Eterna fonte natural
Jorrando sangue e mel
Esvaindo leite e sal
Guardiã do mistério divino
Senhora do pecado profundo
Dona do segredo
Alma do mundo
Mãe do ingênuo destino
Da humanidade

segunda-feira, agosto 08, 2005

Insônia

Ouço os pássaros da manhã
Os carros subindo a ladeira
Os operários da obra
Chegando pra trabalhar
Eu me deixando ficar
Ali na cama quieta
Sem querer levantar
Sem poder me mexer
As palavras dançando na mente
O pensamento pulando, saltando
E eu sem coragem pra espreguiçar
Atada ao colchão, presa
Embaixo do travesseiro, a mão
A cabeça um grande vespeiro
Um enxame me corroendo
Os olhos cheios de areia
Um deserto, ardendo
Eu parada, tesa
Sem dormir, nem acordar
Ouvindo os pássaros cantar

Velha amizade...

De repente, ao pé da escada
Você na minha frente
Por seus amigos cercada
Me olhava e sorria
Sem me ver completamente
Me disse poucas palavras
Foi seca, fria
Eu saí naquele instante
Sozinha na rua
Me vi chorando ao volante
Pensando naquele encontro
Triste, distante
De repente, madrugada
Por trás das lágrimas
Cruzando a estrada
Morta, vazia
Eu sabia o que tinha feito
A importância, a nobreza
Por você cruzei o rio
Um desafio, com certeza
No fundo do peito,
Eu sentia
Você vai se dar conta, eu sei
Um dia

Eros e Psiquê

A boca busca
Satisfação
O olhar teme
O encontro
A mão desliza
Passeia, tateia
Fome, fome
A boca treme
O desejo, o beijo
O olho foge
Fecha e abre
A mão descobre
E aperta
Confusa, sufoca
A cabeça
Gira, roda
Iludida
Acorda

Não se iluda, meu bem

Eu não enxergo
Nunca enxerguei
Apenas intuo
E temo
Talvez me iluda
A ilusão vem do medo
É esse o segredo?
A ilusão vem da falta de visão
Na verdade eu sei o que quero
Eu sei o que me convém
Eu só não enxergo bem
Talvez agora esteja claro
Eu não preciso de apoio
Eu preciso de óculos

segunda-feira, julho 25, 2005

Devastação

Acabou a ingenuidade
A clareza
Acabou a vontade
De buscar certezas
De descobrir caminhos
E seguir os desejos
Acabou a fé e a pureza
Acabou a confiança, a segurança
E a esperança de um mundo melhor
Acabou a revolução
E a fantasia
Acabou a consciência, a paciência
E a magia
Acabou a alegria e a poesia
Acabou o sul e o norte
E a Terra inteira
Acabou a brincadeira

Saudade

Penso na borboleta
Deixando seu casulo
Batendo as asas devagar
Nascendo pra vida
Toda bonita
A voar e voar
Penso no amor
Que é prisioneiro
Do toque e do olhar
Vem forte e ligeiro
Procurando o tiro certeiro
Sabe que sua flecha
Vai machucar
Penso na saudade
Que me entristece
E esvazia
E na intimidade
Que mantém a distância
Bem perto
Sem interferência
De tempo e lugar
Penso, penso, penso....

Sua imagem?

Você escreve o que pensa
E alguém lê o que quer
Você descreve os sentimentos
E alguém te observa
Você canta sua dor
E alguém vê um personagem
Você pensa que é bobagem
E alguém te dá importância
Você se estressa com os outros
E ninguém te vê
Você sabe o que interessa
Mas não sabe se fazer entender
Você sente que é amada
Mas não entende por quê

Recomeço

Estou começando de novo
Sem perguntas nem respostas
Sem desejos, ou impulsos
Apenas a vontade de viver
Os instantes, os momentos
Como no samba me deixar levar
Das águas seguir o curso
Ouvir o pulsar das horas
Sentir o tempo e o vento
E respirar
Nessa busca pelo ser
Sem perder a intenção
Trago de volta o que mais quero ter
Consciência, crescimento
Sentimentos em progresso
Expansão

quarta-feira, julho 13, 2005

Roteiro

Fico pensando em caminho
Em tempo, em destino.
Como num único momento,
Um acontecimento
Pode mudar tudo.
De repente num desatino
A vida se vira
Pra um lugar inesperado
Parece que foi determinado.
Então sem muito esforço
Ali nos achamos
E ficamos.
Aí uma angústia vem.
Uma vontade de tormenta
Um sufoco de represa
Querendo arrebentar.
E então sem nem perguntar
A vida te leva pra outro lugar.

Questão

Pra onde vai o amor?
Este amor que mora em meu peito
E às vezes me sufoca?
Este amor que não consigo nomear,
Este amor que é fruto da minha confusão,
Que eu não posso chamar de paixão?
Porque paixão é outra coisa.
Este amor que toma meu tempo
E me faz perder o rumo,
Este amor que me deixa sem prumo
E sem saber de mim?
Porque eu não quero mesmo saber.
Por que eu preciso querer?

Pavor

Não vai adiantar
Se agoniar
E chorar e pedir
E berrar na escuridão
Você se acostuma
A chuva lá fora bate na janela
Como um grito
Na solidão
Você corre aflito
Se joga com tudo
No abismo do medo
E esbarra na razão
Dá de cara com seu coração
Sangrando, doendo
E mais uma vez cai
Exausto
Com o dia amanhecendo

Imagem

No espelho
Vejo o reflexo
Sou complexo
Desejo
Vejo na loucura o céu
No beco escuro
O breu, o brejo
No fundo do olho
Meu eu

terça-feira, junho 28, 2005

Minha heroína dos X Men

Quero queimar feito Fênix
E renascer das cinzas
Mais forte e melhor
Quero ir ao fundo do poço
Pra valer o esforço de retornar
Como heroína
Quero sentir toda dor
Que a minha cabeça agüentar
Deixar o coração sangrar
Quero esquecer essa menina
Que ainda insisto em ser
E crescer

Poderosa

Fico pensando o que te faz
Gostar tanto de mim
De onde vem essa paixão
Se eu realmente sou assim
Do jeito que você vê
Fico me perguntando
Se esse amor é real
Se não é um ideal
Um sonho, uma ilusão
Que eu mesma criei pra você
Fico sem saber se tenho
Esse poder

Oceano

Oceano de enganos
De prantos, de dor
De dúvidas e perdas
Tristezas, incertezas
Que me enchem de pavor
Mar intenso, mar bravio
Mar do medo, opaco
Sombrio
Oceano de palavras
Consciência, sentimentos
De juízo, tino, senso
De clareza e de razão
Em suas águas me debato
Tento achar em vão
Um porto, um cais
Salvação

Meu alguém

Eu tenho alguém que me quer
Alguém que gosta de mim
Alguém que me acha linda
Alguém que me espera enfim
Eu tenho alguém que se importa
Alguém que me dá força
Alguém que quer que o mundo
Seja perfeito pra mim
Esse alguém está bem longe
Mas algum dia vai estar perto
Esse alguém é bem esperto
Sabe que o tempo é assim
Vai e volta, volta e vai
Esse alguém agora sai
Dançando louco na chuva
Olhando as fases da lua
De olho comprido na rua
Esperando me ver chegar
Louca pra lhe abraçar

terça-feira, junho 21, 2005

A vida é sonho, pai?

Realmente a coragem de acordar e a vontade de escapar tem sido o mote da semana. Acho mesmo que sou ousada e não tenho medo da vida. Apenas queria ter mais sorte e não me preocupar tanto. Acho que pensar e sofrer e me rasgar querendo botar os sentimentos pra fora, faz parte da minha maneira de existir e me relacionar. E gosto que seja assim. Sinto o corpo pulsar e o coração bater. Amo respirar.
Adoro acordar e saber que sonhei. Que mesmo sem sentir meu corpo, minha mente está lá consciente ou melhor dizendo, VIVA.
Lembro de uma conversa que tive com meu pai quando tinha uns 9, 10 anos. Fiquei horas divagando se a vida que a gente vive não era o sonho de alguém ou mesmo nosso. E que um dia talvez acordássemos em outro tempo, outro espaço e nossa consciência nos traria toda a lembrança daquela vida que pensávamos estar existindo. E então nessa outra existência teríamos a mesma sensação. De que aquela vida é que era o sonho. Se fosse assim eu não teria medo da morte. Meu pai chorava e ria. Até hoje lembro dos olhos dele me olhando.

É tão bom poder escrever
Aquilo que se quer
Aquilo que se sente
Aquilo que se gosta
É tão bom...

Holograma

Momento estranho
De dureza, de crueza, de tensão
A vida vai passando
E me sinto alheia
Como um holograma, uma ilusão
Como se vivesse num outro
Tempo / Espaço
Que cansaço

Que falta de vontade
De enfrentar essa realidade
Que não parece minha
O que faço?

A cidade fala alto
O pneu cantando no asfalto
Parece um berro aflito
Todo movimento, gera um conflito
Uma guerra, caos, grito
Caminho pelas ruas
Mas não me sinto dentro
Como é que encaro esse momento?

Sem ação

Penso que sou criativa
Penso que faço arte
Penso que tudo faz parte
Do grande projeto divino
Penso que sei o que quero
Penso que o mundo é sério
E que um dia todos juntos
Teremos do que nos orgulhar
Penso que nada vai acabar
Penso que podemos ser felizes
E que ganhar dinheiro é bobagem
Penso na simplicidade
Como uma grande qualidade
Que devo continuar a cultivar
Penso que a gente é bacana
Penso que a vida está leve
Penso que mais em breve
Vou ter que parar de pensar

sexta-feira, junho 17, 2005

Madrugada

Meus olhos míopes
Enxergam vazios, vácuos
Ilusão sombria
Sono chega logo, vem
Silencia meu cansaço
Amanhã o dia começa cedo
A louça, a roupa, a pia
Tateio na escuridão
Busco o chão, o teto
Em vão
Acho as palavras então

quinta-feira, junho 16, 2005

O louco

Andando na beira do abismo
Tenho medo de me perder
Conto as pedras e a distância
Imagino cada curva
Racionalizo cada passo
Vejo a água lá embaixo
Tenho medo de me jogar
Acho que não vou saber nadar

Fim de papo

Escrever, fazer, falar,tentar
Dormir sem poder dizer
O que você quer escutar
O que eu sinto não vale
Meu desejo não serve
Nem sei se sei, nem sei...

Os sonhos, os planos
Meus medos e enganos
Sua loucura, sua paixão
Dá secura na boca
Gela o coração, faz o tempo parar
Nem sei se espero, nem sei...

Não me encurrale
Não estou afim
Não quero, não posso
Dizer não
Dizer sim
Não assim...
Sem remorso