quinta-feira, setembro 08, 2005

Respondendo

O mais difícil?
Falar de coisas boas
Falar de futuro possível
Falar de boa vontade
De amizade
De carinho e acolhimento
Falar dos melhores momentos
Das realizações
E da felicidade
Como falar das canções
Da arte
E daquilo que faz parte
Do dia mais bonito
Das noites de lua
Das praias que amo
O mais difícil sim
É falar, é dizer
Que gosto de viver

A outra

Eu vi a mulher correndo
Eu vi a mulher se afogando
Eu me vi sabendo
Daquele sofrimento
Me vi ousando e encarando
Me vi fazendo
Daquele mar imenso
Um porto
A força das águas
me impulsionando
Eu me vi, me salvando
Me recolhendo
E me levando pra outras praias
Eu me vi
Me querendo, sendo
Aquela mulher
Sugando o ar, voltando à vida
Pronta, inteira
Não mais perdida
Finalmente podendo ser
Querida

Cansaço

Pra onde vai a amizade
E o amor que devotamos
Àqueles a quem julgamos
Amar e perdemos
Por nos devotar?
Onde vai parar o fervor imenso
E todo o tempo que dedicamos
Àqueles que nem mesmo tem a dignidade
De nos enfrentar
Quando erramos?
Estou cansada
E já não enxergo
Estou cansada
E já não escuto
Estou cansada
E sei lá! Já não sei mais nada...
Estou cansada.

Tediosa

Volto ao mesmo tema
Bato na mesma tecla
E realmente vou pensar em quê?
Dizer mais o quê?
Pra você
Pode parecer besteira
Mas em mim dói aqui
Bem dentro do peito
E quando sento pra escrever
O quê vem, o quê sai.
Só falo no quê.
Como um vício.
E nem mesmo sei
Como é ser viciado
Ah, me deixe em paz!
Vou continuar sim
A pensar, a dizer, a bater
No quê