segunda-feira, julho 25, 2005

Devastação

Acabou a ingenuidade
A clareza
Acabou a vontade
De buscar certezas
De descobrir caminhos
E seguir os desejos
Acabou a fé e a pureza
Acabou a confiança, a segurança
E a esperança de um mundo melhor
Acabou a revolução
E a fantasia
Acabou a consciência, a paciência
E a magia
Acabou a alegria e a poesia
Acabou o sul e o norte
E a Terra inteira
Acabou a brincadeira

Saudade

Penso na borboleta
Deixando seu casulo
Batendo as asas devagar
Nascendo pra vida
Toda bonita
A voar e voar
Penso no amor
Que é prisioneiro
Do toque e do olhar
Vem forte e ligeiro
Procurando o tiro certeiro
Sabe que sua flecha
Vai machucar
Penso na saudade
Que me entristece
E esvazia
E na intimidade
Que mantém a distância
Bem perto
Sem interferência
De tempo e lugar
Penso, penso, penso....

Sua imagem?

Você escreve o que pensa
E alguém lê o que quer
Você descreve os sentimentos
E alguém te observa
Você canta sua dor
E alguém vê um personagem
Você pensa que é bobagem
E alguém te dá importância
Você se estressa com os outros
E ninguém te vê
Você sabe o que interessa
Mas não sabe se fazer entender
Você sente que é amada
Mas não entende por quê

Recomeço

Estou começando de novo
Sem perguntas nem respostas
Sem desejos, ou impulsos
Apenas a vontade de viver
Os instantes, os momentos
Como no samba me deixar levar
Das águas seguir o curso
Ouvir o pulsar das horas
Sentir o tempo e o vento
E respirar
Nessa busca pelo ser
Sem perder a intenção
Trago de volta o que mais quero ter
Consciência, crescimento
Sentimentos em progresso
Expansão

quarta-feira, julho 13, 2005

Roteiro

Fico pensando em caminho
Em tempo, em destino.
Como num único momento,
Um acontecimento
Pode mudar tudo.
De repente num desatino
A vida se vira
Pra um lugar inesperado
Parece que foi determinado.
Então sem muito esforço
Ali nos achamos
E ficamos.
Aí uma angústia vem.
Uma vontade de tormenta
Um sufoco de represa
Querendo arrebentar.
E então sem nem perguntar
A vida te leva pra outro lugar.

Questão

Pra onde vai o amor?
Este amor que mora em meu peito
E às vezes me sufoca?
Este amor que não consigo nomear,
Este amor que é fruto da minha confusão,
Que eu não posso chamar de paixão?
Porque paixão é outra coisa.
Este amor que toma meu tempo
E me faz perder o rumo,
Este amor que me deixa sem prumo
E sem saber de mim?
Porque eu não quero mesmo saber.
Por que eu preciso querer?

Pavor

Não vai adiantar
Se agoniar
E chorar e pedir
E berrar na escuridão
Você se acostuma
A chuva lá fora bate na janela
Como um grito
Na solidão
Você corre aflito
Se joga com tudo
No abismo do medo
E esbarra na razão
Dá de cara com seu coração
Sangrando, doendo
E mais uma vez cai
Exausto
Com o dia amanhecendo

Imagem

No espelho
Vejo o reflexo
Sou complexo
Desejo
Vejo na loucura o céu
No beco escuro
O breu, o brejo
No fundo do olho
Meu eu